terça-feira, 29 de novembro de 2011

Vais a Porto e não comes uma Francesinha, pá?

Continuando a saga de Portugal (primeiro aqui e depois aqui), consegui do aeroporto falar com a minha amiga que mora em Porto, e combinamos de nos encontrar 12:30 pra almoçar. Como eu chegaria na cidade umas 6:00 (!) da manhã, já que eu praticamente virei a noite esperando o metrô, tinha muito tempo para turistar até o nosso encontro, logo, peguei um metrô pra rodoviária, já comprei as passagens de ida e volta pra Lisboa, deixei minha mochila num "locker" lá mesmo e fui tomar um café. Algumas observações:

-Assim que você sai do aeroporto e cai no metrô, a cidade de Porto te oferece um serviço de informações muito útil, com várias pessoas disponíveis te explicando exatamente como você deve proceder na compra do bilhete, na validação e etc. Não sei se é porque foi em Português, mas eu achei extremamente explicativo!



-O "locker"anteriormente citado era uma salinha na rodoviária (bem safada), com um cara que te dá um papel e joga tua mochila atrás do balcão. Não aconselho deixar nada de valor ali, pois, apesar do cara parecer confiável, a segurança é mínima.

-Como eu ia chegar 3a à noite em Porto e ia embora domingo à tarde, eu tinha planejado ficar 4a inteira lá e ir pra Lisboa na 5a feira, voltando pra Porto no domingo, e equilibrando a viagem entre as duas grandes cidades lusitanas. Entretanto, uma greve geral nos transportes (trens, ônibus, metrôs e até aviões não funcionariam na 5a em todo o país!) fez com que eu tivesse que adiantar a minha ida pra Lisboa pra 4a a noite (18:00), me deixando menos que um dia para curtir a cidade. No começo fiquei bem chateado, mas isso se revelou mais um dos vários golpes de sorte que estavam por vir na viagem (mais pra frente vcs vão entender).

Seguindo em frente (já coloquei "Continuando" lá em cima!), saí da rodoviária e procurei um lugar pra tomar um café reforçado, já que não havia nem jantado no dia anterior. Quando estava no avião, perguntei pros portugueses sobre comidas típicas, e um deles respondeu:

"Não se pode vir a Porto sem comer uma francesinha!"

Expliquei pra ele que era estudante, e que não tinha grana pra turismo sexual, mas ele disse que Francesinha era um sanduíche com ovos e queijo e outras coisas, bem típico da cidade, e eu achei que pão, queijo e ovos não seriam uma má idéia pro café. O problema era as "outras coisas": linguiça, salsicha fresca, presunto, carnes frias e bife, além de um molho a base de tomate, cerveja e sei lá mais o que que me deixou suando em bicas, tudo isso acompanhado por uma porção de batatas fritas. Às 7 da manhã...


Como curiosidade, esse prato foi considerado pelo mega-site Aol Travel como um dos 10 melhores sanduíches do mundo! Vale dizer que esse site é norte-americano, hehe...

Depois de entupir as minhas artérias com essa iguaria, peguei um mapa e comecei a andar a esmo pela cidade, visitando as construções mais importantes e curtindo pouco a paisagem não germânica, que eu não via há 3 meses... Conheci uns brasileiros na Torre dos Clérigos e fiquei batendo aquele papo básico (Eles perguntam o que eu to fazendo, conto do intercâmbio, eles perguntam se eu to comendo todo mundo e eu minto pra não decepcionar eles...).

Após cansar de igrejas e castelinhos, resolvo seguir pelas ruelas de Porto na direção do rio Douro, sem deixar de observar a influência brasileira na paisagem e na sonoridade do local. Em diversos momentos desses bequinhos escutei tocar Roberto Carlos, Zezé de Camargo e Luciano (ou seria Xitãozinho e Xororó?) e, infelizmente, Michel Teló (Ai se eu te pego). Tirei foto também de uma loja que vi no caminho, com vários "sucessos" brasileiros...



Segui até o rio e resolvi sentar pra esperar dar a hora de encontrar a minha amiga. (detalhe: eu estudei com essa amiga na 3a e 4a série! Acho que a Europa reaproxima as pessoas...) Como o dia estava lindo (regra em Portugal nessa semana), sentei numa escadinha na beira d'água e fiquei pegando um sol, tirando fotos e apreciando a vista (descobri nessa viagem a maravilha que é viajar sozinho, comer o que e quando quiser, parar pra descansar quando der na telha, e só ver o que tiver afim!). Quando deu o horário, fui encontrar a minha amiga, e descobri, para total vergonha própria, que o meu celular me trollou no fuso horário e que a minha amiga estava me esperando havia 1 hora! Mas ela, na maior simpatia, disse que era comum e que não tinha problema... PORRA LUCAS!



Comemos um bacalhau, demos uma volta pela praia de Matosinhos (eu acho...) e eu voltei correndo (literalmente) pra rodoviária pra pegar o meu ônibus pra Lisboa. Como o motorista não havia aberto o bagageiro, entrei com o meu mochilão no ônibus, mas logo vi que não caberia na prateleira, e voltei (causando mó confusão na fila hauhaua) para colocar lá embaixo. Ainda tive que aguentar calado o motorista de ônibus perguntar "No Brasil vocês andam com isso lá dentro é?" (Não, na carroça com a sua mãe puxando tem muito espaço!)

[Partiu pra Lisboa!!!]

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Maldição do Avião

Se você ainda não leu o começo da história sobre a viagem pra Portugal, o link está aqui.

Como eu estava dizendo, cheguei no aeroporto de Memmingen no horário certo, mas ainda preocupado com a mala. Cabe dizer que esse aeroporto é o menor que eu vi na vida (Era um aeroporto militar que é agora utilizado pela RyanAir), e que o tempo estava macabro, com muita neblina... Aqui tem uma foto da chegada lá:


Cheguei, peguei o carimbo no meu cartão de embarque, e já passei na segurança do aeroporto umas 2 horas mais cedo pra não ter nenhum problema. Testei a minha mala na caixinha da RyanAir, e fui procurar alguma tomada pra carregar o celular, pra poder falar com a minha amiga que mora em Porto quando eu chegasse. Depois de rodar o aeroporto todo (5 minutos), achei uma tomadinha do lado de uma lanchonete, mas sem nenhum lugar perto pra sentar. Roubei um banquinho, e descobri que os assentos eram reservados pra clientes da lanchonete, e, como estava com fome, fui e pedi um bagel com cream cheese. Mas como eu devo ter cara de pobre, a mulher não se rebaixou ao ponto de PASSAR o cream cheese no meu pão, e me deu "on the side". Deve ser mais estiloso.


Sentado no banquinho, comendo meu bagel e de bob no facebook, um cara sentou do meu lado e me perguntou em inglês se podia usar a tomada também. Pelo sotaque e pela cara percebi que era português, puxei papo, e descobri que ele é de Porto, sócio em uma empresa de construção alemã, e que faz sempre esse trajeto. Ficamos conversando por um tempo, e outro portuga se chegou também, veterano nesse vôo, já que trabalha na suiça e pega esse avião a cada 2 semanas. Continuamos papeando até a hora do vôo se aproximar, e nada de chamarem a gente. Logo de cara o 2o lusitano matou a charada: com a neblina, o avião não tinha pousado, pois, segundo ele, não viu os carrinhos passando e etc... Uma hora depois estávamos fazendo uma fila no lado de fora do aeroporto para pegar um ÔNIBUS pra Hahn, outra cidadezinha perto de FRANKFURT com vôos RyanAir (Pra se ter uma idéia, é mais ou menos a distância até Milão - 5 horas de ônibus...)


Depois dessas 5 horas, nas quais eu dormi uns 30 minutos, chegamos no aeroporto, passamos na segurança e conseguimos embarcar (já nem tava mais nervoso com a mala, porque qual era a chance de me mandarem de volta pra Memmingen porque a minha mala tava grande...), mas tivemos que esperar quase 1 hora porque um dos ônibus se perdeu! Sentei com os portugas na primeira fileira e ficamos batendo papo com as aeromoças, que um deles já conhecia (!) de tanto viajar... Detalhe para o sufoco que ele me fez passar quando perguntou na frente da aeromoça portuguesa bonitinha se eu tava vendo algum bigode, porque os brasileiros dizem que as portuguesas tinham todas bigode UAHUAHUHA.
O vôo foi tranquilo e eram 5 horas de Portugal quando saí no aeroporto de Porto (esquisito falar isso). Como os metrôs começavam só a rodar as 6, me aconcheguei num cantinho com tomada e tirei um cochilo de 30 minutos, atormentado por um espírito de porco que resolveu encerar o chão logo do meu lado. Aqui mas fotos do meu quarto de luxo no aeroporto, com direito a companheira, e televisão passando canal de vendas (tônico capilar de 7 ervas espalhadas pelo mundo todo e um grill que aparentemente você jogava até sola de sapato e óleo de motor, e saía um risoto):




Luxo, né?

[Continua...]

domingo, 27 de novembro de 2011

Run, Forest, Run!

Hey, galeres!

Desculpe a demora para postar, mas eu estava fazendo uma baita viagem em Portugal e ainda não aprendi a postar pelo celular.
Como histórias frescas são sempre melhores, vou dar uma interrompida nos post do Oktoberfest e contar sobre Portugal essa semana, mas acho q semana que vem já voltamos à nossa programação normal.

Eu me considero um cara tranquilo, principalmente naqueles momentos de pressão, quando é mais fácil surtar. Não costumo ficar neurótico com as coisas, nem me preocupo em excesso com elas, principalmente se eu não puder fazer nada para mudá-las. Entretanto, se tem uma coisa que tira o meu equilíbrio psicológico é viajar de avião. Não daquele jeito de se mijar de medo quando ele decola, pois eu confio mais no piloto do que no motorista, mas sim por conta da certeza de que cedo ou tarde eu vou me dar mal de alguma forma.

Quando fui para os EUA ano passado, de 4 vôos que eu peguei, 5 deram problema (literalmente, já que fui até barrado no cruzeiro). Bagagem extraviada, atraso entre conexões, bilhete não emitido pela reserva... O que podia acontecer comigo naquela viagem, aconteceu, e eu sempre repetindo para mim "O Pé-frio é o Vito, o Pé-frio é o Vito..." Até acreditei nisso, já que os meus últimos vôos ocorreram de boa na lagoa.

De qualquer forma, sempre fico com a pulga atrás da orelha: Peso a mala repetidamente, confiro 30 vezes os documentos, repasso a lista de itens proibidos... Fico uma pilha. Agora imagine viajar com a RyanAir, empresa low cost de aviação aqui na Europa:

-Se não imprimir o cartão de embarque em casa paga 40 euros.
-Mala maior que o bagageiro paga 40 euros.
-Mala mais pesada que 10 Kg = 40 euros.
-Documentação incompleta = 40 euros
-Nascer em ano bissexto = 40 euros

Faltando 1 semana pra minha viagem, já nem dormia direito! Media o mochilão de hora em hora com a minha régua (tinha hora q ele tava dentro dos padrões, e tinha hora q tava fora!!!), arranjei uma balança pra pesar as roupas, e um saquinho pra colocar os líquidos. Nem assim me acalmei. No dia do vôo (que sairia de outra cidade - Memmingen -, ou seja, se desse merda eu não conseguiria voltar a tempo) eu acordei cedo e fui no aeroporto de Stuttgart SÓ PARA VER SE A MOCHILA TAVA NOS CONFORMES (Cúmulo da neurose). Acredita que o cara lá não soube me dizer? Disse que a mochila estava muito justa... E que dependeria do avião, ou seja, não serviu pra nada. Olha aí a foto q eu tirei, pra mim tava ótima!



Ansioso, peguei um trem para Memmingen, onde eu precisaria pegar um ônibus até o aeroporto, tudo com uma antecedência absurda, já que nesse dia não tive aula. Trajando somente um casaquinho, já que meus amigos lusitanos me disseram q o tempo lá estaria bom, passei um frio da china no trajeto todo.

Em um ligeiro momento de distração, acabei deixando passar a estação de trem na qual eu devia descer, e a próxima só ia ser em 30 minutos. Procurei o funcionário do trem (até porque a minha passagem só me levava até a estação anterior) e ele me disse que na próxima estação haveria um trem de volta, só que a diferença entre a nossa chegada e a saída dele seria de apenas um minuto. Como pelas minhas contas eu tinha que pegar esse trem pra não perder o vôo, fiquei atento pra descer rapidamente na próxima parada, só que assim que eu desci eu vi o problema. Entre eu e o trem de volta havia 2 linhas ferroviárias, o trem já estava apitando pra sair e eu não conseguia nem encontrar a escada pra passar por baixo dos trilhos. Quase em desespero, olhei pros lados, não vi ninguém... Pensei, é agora!



Saltei da estação pros trilhos, rezando pro trem não partir e me atropelar, ou pior, pra nenhum guarda ter visto, e atravessei as 2 linhas de trilhos correndo com o meu mochilão nas costas. Entrei no trem logo antes dele sair, troquei de vagão 3 vezes pra despistar qualquer puliça (a multa pela gracinha seria de 25 euros, bicho!), e fiquei torcendo pra ninguém pedir a minha passagem, já que eu mal tive tempo de entrar no trem, muito menos tive pra comprar bilhete. Felizmente ninguém pediu nada e eu estava mais uma vez dentro do schedule (mas já suado de nervoso e com as pernas tremendo!). Consegui pegar o ônibus, que foi me levando através de umas vilas tão pequenas que eu não acreditava que dariam no aeroporto... mas deram!
Feliz pra caramba, mas ainda nervoso com a mala, cheguei na hora que queria no aeroporto, mas mal sabia o que ainda estava por vir...



[Continua...]

domingo, 20 de novembro de 2011

Calça da Gangue, toda mulher quer... (Pré Oktoberfest!)

Uma semana antes do maior Bierfest do mundo (Oktoberfest, pra quem é alienado), em München (Munique em alemão!), o meu bom amigo Vito, que está tirando férias de 6 meses chamadas "Intercâmbio em Portugal", resolveu pintar aqui pelas bandas de Stuttgart, aproveitando que eu ainda não tinha visto muita coisa, e nós fizemos umas viagens bate-e-volta por Baden Württemberg (Que eu conto direito em outro post mais pra frente...).
Como a passagem direto pra München estava meio cara, resolvemos encontrar com mais 2 amigos que estão morando em Nuremberg (Fernando e Júlia) um dia antes (5a feira), conhecer a cidade, ir numa "nightzinha" e 6a de manhã pegar aquela promoção que eu já contei aqui, pra 5 pessoas por 29 euros...
Como não sabia o esquema lá na casa deles, armei o mochilão na "profissionalidade", com saco de dormir, travesseiro, e tudo o mais que eu achei que ia precisar nesses 4 dias e, como o tempo estava agradável, resolvi viajar de bermuda mesmo. Acordamos na 5a feira atrasados pra pegar o trem, enfiamos tudo que faltava na mochila de qualquer jeito e picamos a mula pra estação, conseguindo entrar no Bahn 30 segundos antes de fecharem as portas!
Chegamos lá, almoçamos num Turcão e o Nando deu uma passeada com a gente pelas esquinas nazistas de Nuremberg, com direito a marcha na área de desfile dos exércitos nazistas (Nessa praça os blocos do chão são do tamanho exato de um passo de marcha - o que o Vito e eu comprovamos através de uma marcha um tanto quanto ridícula, já que não somos tão arianos...)


Também subimos na tribuna do Campo Zepellin, aquele lugar de onde o Hitler fazia a maior parte dos discursos pro povo alemão. Apesar da insistência do Nando, que ficou lá debaixo pra tirar a foto, não mandamos lá de cima o "Heil Hitler" pois podia passar algum judeu nesse momento e ficar chateado com a gente. Só mandei um "NEIN, NEIN, NEIN, NEIN, NEIN!" estilo Inglorious Bastards, e fiquei bem satisfeito já...



Depois disso compramos umas cervas pra de noite, já que ia ter uma pré na casa de uma alemã amiga deles, e voltamos pra casa pra jogar uma partida de dardo musical enquanto a Juju não chegava... Juju chegou, começamos a nos arrumar e aí vem o MOMENTO LUCAS da história: Na correria pra sair de casa, esqueci as calças em Stuttgart E olha que eu fiquei acordado até as 3 da matina só pra poder lavar a calça!). Como eu planejava ficar com a calça o tempo todo, (ou pelo menos até EU alguém vomitar nela), não tinha levado outra coisa a não ser a bermuda que eu tinha viajado, o que se revelaria um problema pra entrar na boate e depois pra ficar no frio do Oktoberfest por 3 dias...
Em uma demonstração de desprendimento, o Nando me emprestou uma calça que, segundo ele (eu me recuso a acreditar) estava um pouco larguinha, mas que não foi o suficiente pra eu ficar confortável... Na verdade ela foi só o suficiente para eu me locomover (com dificuldades). Sentar então... era luxo. Peguei no google uma imagem que exemplifica como me caiu bem a calça:



Após todos (eu mais) rirem absurdos da justeza da calça, partimos pra pré, com somente um combinado: "SEM COMENTÁRIOS SOBRE A CALÇA", uma vez que aqui na Alemanha calça justa é moda, e a camisa estava disfarçando... Infelizmente, a minha amiga confundiu "ninguém" com o viado mexicano da festa, que passou a pré inteira falando "Lucaaas, senta aqui do meu ladinho...". Sai pra lá, bola gato!

Dps da pré fomos pra boate (que não era nada demais... acho que as daqui de stuttgart são melhores) e voltamos a pé pra casa (ou foi de taxi? não lembro bem, só lembro que foi tortura naquela calça da gangue), pra dormir e partir no dia seguinte pro Oktober...



(CONTINUA...)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Castelos, castelos e derrotas...

Aqui na Alemanha existe uma empresa de trem chamada Deutsche Bahn (DB) que, pelo menos na minha opinião, é bastante interessante. Ela não só liga praticamente todas as cidades da Alemanha, como integra diversos tipos de meio de transporte (ônibus, metrô, “bonde” e etc...) como também tem uma taxa de atraso bem baixa (o que, pra um brasileiro, nem sempre é o melhor para se trabalhar, uma vez q a nossa taxa de atraso é um pouco elevada, uahuauha). Dificilmente você terá uma linha de trem que ligue diretamente Hamburg (Norte) e Füssen (Sul), mas em segundos você consegue o roteiro e preço de todo o trajeto, incluindo baldeações e trocas, esperas, caminhos necessários e etc, tudo muito bem explicado. Mas o mais interessante da DB não é a sua pontualidade alemã ou a sua logística requintada, mas sim as suas promoções! Você pode comprar um bilhete para 5 pessoas andarem o dia inteiro de trem dentro da sua região por 29 euros (incluindo trem, ônibus, metrô e jumento!), e se a região não for suficiente pra você, por mais 10 euros  você aumenta o “range” pra Alemanha inteira!
Como Stuttgart fica em uma das regiões mais bonitas da Alemanha (Baden Württemberg só pode ser comparada a Bayern...), essa promoção significa conhecer vários lugares interessantes por menos de 6 euros! Pois bem, aqui na Uni eu fechei com mais 4 amigos (1 brasileiro, 2 americanos e 1 finlandês [!]) e quase todo domingo a gente faz uma viagem pra algum lugar maneiro e volta, saindo cedo e voltando a noite (famoso “bate-e-volta”), e pagando 6 euros cada. Geralmente quem planeja essas viagens é o “entusiasta” brasileiro (Felipe), que deveria seguir carreira de agente turismo... Todo final de semana eu digo que não vou sair porque tenho que economizar, mas ele buzina tanto no meu ouvido que eu acabo indo, e nunca me arrependo.  =]
Há uns 2 finais de semana, eu já dizia que estava cheio de viajar por aqui, mas o Felipe mais vez convenceu a galera de que existiam 2 castelos sensacionais + ou – “perto” daqui, e lá estou eu acordando domingo de madrugada, cheio de ressaca e com uma neblina que não me deixava ver 5 metros à frente. Caminhando pelas ruelas desertas do meu alojamento nesse clima lúgubre, ainda escuto a bosta de um corvo piar na minha cabeça, cereja do bolo do cenário de terror no qual eu me encontrava. Mas (infelizmente) cheguei vivo no trem e 2 horas depois estávamos desembarcando em um lugar qualquer (eu não tinha ideia de para onde iríamos, só tava seguindo a galera). O finlandês olhou lá o horário do ônibus para o castelo 1 e descobrimos que ia demorar 1 hora, por isso pegamos um taxi pra 5 (2 euros pra cada 1) e adiantamos um pouco a viagem, uma vez que nego estava dizendo que ia ser apertado ver os 2 castelos...
Chegamos lá numa neblina do caramba, e eu já tava achando que aquilo ia se revelar um programa de índio. Começamos a subir uma escadaria (“espanta-gordo”, tem muitas dessas aqui na região) e depois de uns 20 minutos estávamos “nas nuvens”. Na verdade, estávamos SOBRE elas, pois o castelo era alto pra caramba e estava um dia lindo por cima daquela neblina toda. Agradável surpresa! Seguem umas fotos aí do visual do local, que se chama Hohenzollern Schloss:



Fizemos o tour lá do castelo (o melhor e mais claro de entender até agora...), tiramos umas fotos legais no contorno, apreciamos um pouco a bota nova do Felipe e partimos para o outro castelo.


Detalhe que a gente parou pra comer numa padaria lá enquanto não chegava o taxi, e cada um pediu uma coisa... Mas óbvio que logo o meu pedido levava 5 minutos né, logo, o taxi chegou e eu fiquei com fome... Tive que esperar umas boas 2 horas até a gente parar num lugar aberto, já que domingo até a boca de fumo fecha. O tal lugar era um McDonald’s, ou seja, pelo menos eu ia saber o que eu estava comendo, certo? ERRADO! Pedi um Chicken Burger, mas a mulher deve ter entendido um McChina pq me deu um hambúrguer de frango com molho agridoce uahauhaa. Só aí que eu fui reparar na decoração oriental da lanchonete e no fato de 90% das atendentes serem orientais... Será que fomos parar na China Town alemã?
Pegamos um busão (bem vagaba, mais parecia aqueles ônibus de hortifrúti), com um motorista igualzinho ao Raul Seixas, que fez um dos americanos terminar de beber a coquinha dele fora do ônibus antes de sair. Ele nos deixou no meio de um lugar meio ermo, tipo um estacionamento no meio de um descampado, com uma plaquinha apontando para onde ficava o castelo.
Vale relembrar que eu tava seguindo a galera, e não tinha ideia de pra onde eu estava indo, ou como ia voltar pra casa... Quando a gente chegou no lugar recebo a notícia de que teríamos uma hora para pegar a trilha do castelo, chegar lá, ver tudo e voltar. E pelo jeito não ia ser uma caminhadinha curta não... Mas fomos mesmo assim, meio correndo, pra poder ver o outro castelo... Castelo Lichtenstein, esse aqui embaixo, bem bonito também, meio Disney World  Epcot... Ficamos 10 minutos tirando fotos de bobeira e partimos, conseguindo chegar no ponto de novo 5 minutos antes do necessário!


Esperando ansiosamente o ônibus, avistamos ao longe o comboio vindo à nossa direção. Demos sinal, colocamos a mochila nas costas e quando nos preparávamos pra ir ao encontro dele, o motorista, sem para o ônibus, começa a fazer aquele mesmo gesto que o seu pai faz quando você fala que vai pegar o carro pra ir à padaria do outro lado da rua: “na na ni na não!”. E com esse gestinho do “deabo” o filho de uma cabrita passa direto, sem ao menos explicar o porque que ele não poderia nos pegar.
Levando em conta que aparentemente esse era o último ônibus, e que estávamos a quilômetros de distância de qualquer estação de trem, estávamos basicamente f#@*#&*. O celular estava meio sem sinal, o papel de ônibus estava confuso e haviam uns 3 carros no estacionamento só.


Conseguimos ligar pra um taxi, que nos deu vinte minutos para chegar onde estávamos. Quarenta minutos depois ligamos de novo e descobrimos que não havia taxi nenhum indo! Estava escurecendo e esfriando, e estávamos quase indo para o meio da estrada pedir carona pra algum caminhoneiro...
Mas aí me sai do estacionamento um velhinho sozinho num corsinha... Olhamos um pro outro e alguém tomou coragem pra ir falar com ele.
-Bom dia, o Sr. está indo pra alguma estação de trem aqui perto?
-Rapaz, ir eu não to não, mas se vocês não tiverem como ir eu levo vocês...
PONTO PRA ALEMANHA! Quem já viu isso no Brasil?
Resultado: o velhinho, como prova de que realmente não estava indo pra estação, se perdeu umas 3 vezes, o que foi meio problemático já que éramos 5 pessoas além do motorista, o carro era pequeno e nós nem tanto...  Mas tava tão quentinho em comparação com o ponto que eu até tirei um cochilo! O velhinho nos deixou na estação, e não aceitou nada mais do que os nossos agradecimentos.
E o pior de tudo é que depois de 20 minutos ainda no ponto, 30 minutos até a estação, 30 minutos de espera pelo trem, e quase 1 hora na viagem até Stuttgart, toca o telefone que o taxista, reclamando que ele tinha chegado no castelo e a gente não tava lá. Meu filho, peraí né...

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Pizza Talk!

Quando eu estava na minha faculdade (no Rio), volta e meia tinha uns intercambistas que caíam de paraquedas nas minhas aulas. Americanos, franceses, espanhóis e indianos(!), a certeza era uma só: aqueles caras estavam mais perdidos que cebola em salada de fruta! Afinal, a língua portuguesa não é o mais acolhedor dos idiomas e a maioria dos gringos chega ao Brasil sabendo falar “Caipirinha, Por Favor” e acham que estão prontos para fazer faculdade (apesar de alguns professores da Poli falarem uma língua estranha até pra mim)...
Enfim, como a minha excelentíssima turma perdoa menos que a milícia do Rio, era um desfile de piadinhas e apelidos: “Ih, Lucas, aquele indiano parece contigo hein!”, “Olha o Movido a Maconha tirando a sonequinha de quinta-feira”, “Porra, o francês veio de camisa social e samba-canção?!” e etc. Até montagens eram feitas pelos mais bobos, como a que segue abaixo, com o meu “clone” indiano cochilando na aula...



Essa introdução foi simplesmente pra tentar explicar o que eu senti quando percebi que eu ia trocar de lado (do intercambio, calma...)! Agora eu é que ia virar o estereotipo ambulante, alvo de piadinhas alemãs que eu nem conseguiria entender... E se tivesse um Bruninho alemão pra ficar me imitando toda vez que eu virasse as costas e fazendo montagem de mim!?
Tentando evitar essa agradável perspectiva, era o mínimo que eu poderia fazer. Logo, na primeira semana de aula, descobri onde era cada sala, tentei dormir bem durante a noite e prestei bastante atenção pra ver se eu conseguia entender tudo... Entretanto, esqueci de contar com a minha boa sorte de sempre!
Segue o relato da derrota: Acordei cedo, tomei banho (sou brasileiro porra!) e café, e parti pra faculdade, pra assistir a minha primeira matéria (Integrierte Human Resources). Número da sala e do prédio anotados no livretinho, não seria difícil encontrar o local da aula. Cheguei pontualmente na sala, que já estava um pouco cheia, e tomei um dos poucos lugares que sobravam. Me desfaço dos casacos e tomo um tempo pra analisar o ambiente.
Ao contrário de uma sala comum, aquela ali era meio diferente. As cadeiras estavam dispostas em volta de uma mesa grande, e havia um quadro em uma das paredes, mas não parecia que aquele quadro ia ser o foco da aula, já que a metade das pessoas se sentavam de costas pra ele. Olho pra essa disposição e pressinto o pior (que seria ótimo se eu soubesse o que estava por fim...): essa matéria é uma matéria de discussão e debate. Me amaldiçoo por não ter prestado atenção na ementa e começo a procurar na internet do meu celular a descrição da matéria para ver se eu encontro algo sobre aquela joça. Enquanto isso, reparo que todos estão engajados em uma conversa muito interessante sobre PIZZA. Não dou muita atenção a isso, já que reparo que todos estão falando muito bem e sem sotaque (Ótimo, único aluno estrangeiro numa matéria de debate!), e volto minha atenção para o celular. Durante uns 10 minutos (que o professor não havia chegado [ou chego, sempre esqueço qual é qual]), tento desvendar onde da ementa de Integrierte Human Resources diz que a matéria é debate, e não encontro nenhuma menção a isso. (Muito estranho, mas...)
Resolvo prestar atenção na conversa de novo: Eles continuam falando sobre PIZZA! Quando começaram estavam falando dos melhores deliverys de Stuttgart (ok, um bate-papo comum antes do prof chegar), e enquanto eu estava no celular, vislumbrei momentos nos quais o assunto passeou por molhos (estranho), tipos de massa (muito estranho), melhores formas de cortar a pizza (que porra é essa?) e até diálogos entre um cliente e uma atendente de delivery (ok, tem algo errado).
E TODOS PARTICIPANDO DA CONVERSA AVIDAMENTE COMO SE ESTIVESSEM DEBRUÇADOS SOBRE O DIÁRIO DE NIETZCHE!


Por alguns minutos, me concentrei ao máximo pra tentar entender tudo que a galera estava falando, motivado pela sombria anedótica de que a Pizza ali era uma METÁFORA de Recursos Humanos (acho que aí ultrapassei o limite entre inocência e burrice...). Estreito os olhos para cada um que toma a palavra, até que meu olhar cruza com o da garota mais bonitinha que estava ali (que eu tinha reparado desde que eu cheguei), e eu rapidamente tento trocar o meu olhar de “QUE PORRA É ESSA” para “HMM QUE INTERESSANTE HEIN”, mas foi tarde demais. A maldita (bonitinha) pede a palavra, olha pra mim e pergunta em voz alta (já que ela, obviamente, estava do outro lado da sala):
-Você é novo aqui no grupo?
Sabe aqueles momentos que um negro fica vermelho? Taí.
“-Não, só estou fazendo hora para a minha aula – E sair da sala”
Isso é o que eu deveria ter feito. Mas CLARO que eu preferi outra abordagem...
-Ehh... Eu não tenho certeza, mas provavelmente não... Aqui é a aula de Integrierte Human Resources?
Mas eu já sabia a resposta. A bonitinha me olhou com uma mistura de pena e divertimento, e disse um simples “Nein”, que quase eu não pude ouvir pelas gargalhadas que o antecederam...
Recolhendo meu material e meus casacos o mais rápido que eu pude, e deixando para trás a minha dignidade, tentei sair rapidamente da sala em silêncio, mas pensei então: “Pisou na merda, abre os dedos, rapá!”, já virei a porra do estereótipo mesmo, se vou sair daqui então vou sair com uma piadinha (sem graça):


-Bem que eu achei que Pizza era uma péssima metáfora para se usar em Recursos Humanos.
O som dos aplausos/gargalhadas só cessaram com a porta fechada. Mal consegui perceber que estava na sala 11.80.2 ao invés da sala 11.82 (maldição!). Cheguei a tempo de receber uma cara feia do professor por chegar 20 minutos atrasados, e descobrir que eu ia aprender mais sobre Recursos Humanos na discussão da Pizza do que naquela aula...

sábado, 12 de novembro de 2011

Apresentação e Aperitivo...

Opa, e aí? Galera que caiu de paraquedas nesse blog e precisa de um pouco de contexto, sou do Rio de Janeiro, faço Engenharia de Produção na UFRJ e estou na Alemanha pra fazer um intercâmbio aqui na Uni de Stuttgart por + ou - 1 ano...

Desde que eu trabalhei 3 meses nos EUA (Work Experience, recomendo!) que eu meio que me arrependo de não ter registrado as várias histórias engraçadas que aconteceram comigo lá (muitas das quais eu vou aos poucos esquecendo), mas como eu não tinha muito tempo devido a exploração da minha mão de obra latina, também não tinha muita alternativa.

Já agora, é BEEEEM diferente! Pelo menos até agora, as aulas, viagens, festas e etc. não conseguem ocupar a semana toda (pelo menos não todas!), e recente eu andei vendo uns blogs tão interessantes que acabei me animando pra fazer esse aqui. Um exemplo desses blogs é o Gut Wie Kokos (http://gutwiekokos.blogspot.com/), do meu amigo Heitor Tosetto, que me tirou gargalhadas essa tarde com algumas das suas histórias!

Entretanto, a ideia principal desse blog é focar nos "causos" humorísticos que têm acontecido com bastante freqüência por aqui... Nem sempre derrotas, mas sempre histórias que, quando eu lembro me fazem rir bastante, e eu espero que faça o mesmo com vocês... Então, mãos a obra!

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Como aperitivo do que eu quero com essa bagaça aqui, vou contar uma pequena derrota que ocorreu comigo ontem, na festa que teve aqui no campus

Aqui no campus tem festa toda hora. Como tem uma grande concentração de "universitários" alcoólatras e excitados, e o metrô entre o campus e o centro da cidade só funciona até 01:00, trouxeram a montanha (de cerveja) até Maomé. Não é preciso explicar a alegria que é poder beber e, não precisar esperar até as 5:00 (quando o metrô volta).

Ontem teve mais uma e, como ia rolar uma fila do lado de fora (num frio da porra!), não tive coragem de ir sem casaco e cachecol (como fiz semana passada, pra economizar o 1 euro que cobram pra guardar o casaco :) ). Pronto, entrei, dei o meu casaco pra negada lá guardar (e recebi um papelzinho com um número, bebi "um pouco", curti a festa e talz... Aí veio a hora de ir embora. Como qualquer pessoa que bebe "um pouco" faria, eu perdi a trosoba do papel, e aí que foi a minha desgrama...

Se fosse no Brasil, você dá um papo na atendente, descreve o casaco, a marca e fim de papo. Mas aqui na Dóitiland (Alemanha em "alemão") o buraco é mais embaixo e bem ensebado, por sinal.

Me deram um formulário para eu preencher e falaram pra eu voltar na SEGUNDA (3 DIAS!!!). Nesse momento uma lágrima escorreu do meu olho só de pensar nos 3 dias sem o casaco. Segue o que eu lembro da conversa:

-Preenche aqui o formulário e volta na segunda pra pegar o casaco...
-SEGUNDA?
-Desculpe, mas é o procedimento...
-Meu querido, sou universitário, tenho sorte de ter UM casaco! Vou congelar até lá...
-Como é o seu casaco?


Aí que o meu maldito alemão enferrujado me pegou: Como eu vou descrever um casaco q é igual a todos os outros de lá? O que consegui dizer foi "Preto, grande, com 6 botões na frente e a marca é redley e um cachecol preto e longo com franjas!" Com essa super descrição o cara foi atrás do casaco e, CLARO, voltou sem nada. Até aí já veio o chefe do cara e eu tentava desenrolar pra eu ajudar a procurar (É uma marca BRASILEIRA, porra, quantos casacos pesados brasileiros vc acha que tem aí?!?!), mas aparentemente não era uma boa ideia deixar um negrinho escolher uma roupa nova.




Beleza, vou então preencher esse CA#@&LHO de formulário.

Marca: Redley's
Descrição: "Preto, grande, com 6 botões na frente e a marca é redley e um cachecol preto e longo com franjas (franjas eu vi no Google translator e suspeito q ele tenha traduzido franjas de cabelo...)!"
Coisas nos bolsos: Nada

Quando eu terminei essa que seria a maior redação que eu fiz desde que eu cheguei aqui, tinha certeza q ia dar merda. O cara olhou pro formulário e pediu para eu ser mais específico, e realmente qualquer briaco podia perceber que aquilo não ia dar em nada. Mas não é qualquer briaco que ia ter a genial idéia que eu tive  nesse momento (muita ironia nessa frase): Vou DESENHAR o meu casaco! Segue o fruto desse excelente "insight":



Uma obra de arte! E o pior de tudo é que deu certo! Acho que o pessoal ficou tão sensibilizado com a minha estúpida tentativa que mobilizaram uma galera e acabaram encontrado o dito cujo! Voltei pra casa com metade dos meus amigos rindo e a outra metade me xingando pq ficaram esperando meia hora naquela budega, mas pelo menos aquecido!

Em breve mais histórias (derrotas)!