Aqui na Alemanha existe uma empresa de trem chamada Deutsche Bahn (DB) que, pelo menos na minha opinião, é bastante interessante. Ela não só liga praticamente todas as cidades da Alemanha, como integra diversos tipos de meio de transporte (ônibus, metrô, “bonde” e etc...) como também tem uma taxa de atraso bem baixa (o que, pra um brasileiro, nem sempre é o melhor para se trabalhar, uma vez q a nossa taxa de atraso é um pouco elevada, uahuauha). Dificilmente você terá uma linha de trem que ligue diretamente Hamburg (Norte) e Füssen (Sul), mas em segundos você consegue o roteiro e preço de todo o trajeto, incluindo baldeações e trocas, esperas, caminhos necessários e etc, tudo muito bem explicado. Mas o mais interessante da DB não é a sua pontualidade alemã ou a sua logística requintada, mas sim as suas promoções! Você pode comprar um bilhete para 5 pessoas andarem o dia inteiro de trem dentro da sua região por 29 euros (incluindo trem, ônibus, metrô e jumento!), e se a região não for suficiente pra você, por mais 10 euros você aumenta o “range” pra Alemanha inteira!
Como Stuttgart fica em uma das regiões mais bonitas da Alemanha (Baden Württemberg só pode ser comparada a Bayern...), essa promoção significa conhecer vários lugares interessantes por menos de 6 euros! Pois bem, aqui na Uni eu fechei com mais 4 amigos (1 brasileiro, 2 americanos e 1 finlandês [!]) e quase todo domingo a gente faz uma viagem pra algum lugar maneiro e volta, saindo cedo e voltando a noite (famoso “bate-e-volta”), e pagando 6 euros cada. Geralmente quem planeja essas viagens é o “entusiasta” brasileiro (Felipe), que deveria seguir carreira de agente turismo... Todo final de semana eu digo que não vou sair porque tenho que economizar, mas ele buzina tanto no meu ouvido que eu acabo indo, e nunca me arrependo. =]
Há uns 2 finais de semana, eu já dizia que estava cheio de viajar por aqui, mas o Felipe mais vez convenceu a galera de que existiam 2 castelos sensacionais + ou – “perto” daqui, e lá estou eu acordando domingo de madrugada, cheio de ressaca e com uma neblina que não me deixava ver 5 metros à frente. Caminhando pelas ruelas desertas do meu alojamento nesse clima lúgubre, ainda escuto a bosta de um corvo piar na minha cabeça, cereja do bolo do cenário de terror no qual eu me encontrava. Mas (infelizmente) cheguei vivo no trem e 2 horas depois estávamos desembarcando em um lugar qualquer (eu não tinha ideia de para onde iríamos, só tava seguindo a galera). O finlandês olhou lá o horário do ônibus para o castelo 1 e descobrimos que ia demorar 1 hora, por isso pegamos um taxi pra 5 (2 euros pra cada 1) e adiantamos um pouco a viagem, uma vez que nego estava dizendo que ia ser apertado ver os 2 castelos...
Chegamos lá numa neblina do caramba, e eu já tava achando que aquilo ia se revelar um programa de índio. Começamos a subir uma escadaria (“espanta-gordo”, tem muitas dessas aqui na região) e depois de uns 20 minutos estávamos “nas nuvens”. Na verdade, estávamos SOBRE elas, pois o castelo era alto pra caramba e estava um dia lindo por cima daquela neblina toda. Agradável surpresa! Seguem umas fotos aí do visual do local, que se chama Hohenzollern Schloss:
Fizemos o tour lá do castelo (o melhor e mais claro de entender até agora...), tiramos umas fotos legais no contorno, apreciamos um pouco a bota nova do Felipe e partimos para o outro castelo.
Detalhe que a gente parou pra comer numa padaria lá enquanto não chegava o taxi, e cada um pediu uma coisa... Mas óbvio que logo o meu pedido levava 5 minutos né, logo, o taxi chegou e eu fiquei com fome... Tive que esperar umas boas 2 horas até a gente parar num lugar aberto, já que domingo até a boca de fumo fecha. O tal lugar era um McDonald’s, ou seja, pelo menos eu ia saber o que eu estava comendo, certo? ERRADO! Pedi um Chicken Burger, mas a mulher deve ter entendido um McChina pq me deu um hambúrguer de frango com molho agridoce uahauhaa. Só aí que eu fui reparar na decoração oriental da lanchonete e no fato de 90% das atendentes serem orientais... Será que fomos parar na China Town alemã?
Pegamos um busão (bem vagaba, mais parecia aqueles ônibus de hortifrúti), com um motorista igualzinho ao Raul Seixas, que fez um dos americanos terminar de beber a coquinha dele fora do ônibus antes de sair. Ele nos deixou no meio de um lugar meio ermo, tipo um estacionamento no meio de um descampado, com uma plaquinha apontando para onde ficava o castelo.
Vale relembrar que eu tava seguindo a galera, e não tinha ideia de pra onde eu estava indo, ou como ia voltar pra casa... Quando a gente chegou no lugar recebo a notícia de que teríamos uma hora para pegar a trilha do castelo, chegar lá, ver tudo e voltar. E pelo jeito não ia ser uma caminhadinha curta não... Mas fomos mesmo assim, meio correndo, pra poder ver o outro castelo... Castelo Lichtenstein, esse aqui embaixo, bem bonito também, meio Disney World Epcot... Ficamos 10 minutos tirando fotos de bobeira e partimos, conseguindo chegar no ponto de novo 5 minutos antes do necessário!
Esperando ansiosamente o ônibus, avistamos ao longe o comboio vindo à nossa direção. Demos sinal, colocamos a mochila nas costas e quando nos preparávamos pra ir ao encontro dele, o motorista, sem para o ônibus, começa a fazer aquele mesmo gesto que o seu pai faz quando você fala que vai pegar o carro pra ir à padaria do outro lado da rua: “na na ni na não!”. E com esse gestinho do “deabo” o filho de uma cabrita passa direto, sem ao menos explicar o porque que ele não poderia nos pegar.
Levando em conta que aparentemente esse era o último ônibus, e que estávamos a quilômetros de distância de qualquer estação de trem, estávamos basicamente f#@*#&*. O celular estava meio sem sinal, o papel de ônibus estava confuso e haviam uns 3 carros no estacionamento só.
Conseguimos ligar pra um taxi, que nos deu vinte minutos para chegar onde estávamos. Quarenta minutos depois ligamos de novo e descobrimos que não havia taxi nenhum indo! Estava escurecendo e esfriando, e estávamos quase indo para o meio da estrada pedir carona pra algum caminhoneiro...
Mas aí me sai do estacionamento um velhinho sozinho num corsinha... Olhamos um pro outro e alguém tomou coragem pra ir falar com ele.
-Bom dia, o Sr. está indo pra alguma estação de trem aqui perto?
-Rapaz, ir eu não to não, mas se vocês não tiverem como ir eu levo vocês...
PONTO PRA ALEMANHA! Quem já viu isso no Brasil?
Resultado: o velhinho, como prova de que realmente não estava indo pra estação, se perdeu umas 3 vezes, o que foi meio problemático já que éramos 5 pessoas além do motorista, o carro era pequeno e nós nem tanto... Mas tava tão quentinho em comparação com o ponto que eu até tirei um cochilo! O velhinho nos deixou na estação, e não aceitou nada mais do que os nossos agradecimentos.
E o pior de tudo é que depois de 20 minutos ainda no ponto, 30 minutos até a estação, 30 minutos de espera pelo trem, e quase 1 hora na viagem até Stuttgart, toca o telefone que o taxista, reclamando que ele tinha chegado no castelo e a gente não tava lá. Meu filho, peraí né...